6 de março de 2023

Livro: Amigos, Amores e Aquela Coisa Terrível de Matthew Perry

Quem é fã de uma das séries de TV mais bem sucedidas da história da TV, Friends, sabe bem quem é Matthew Perry, também conhecido como Chandler Bing.

O personagem era um cara sensível, bonitão, mas desajeitado com as mulheres, que usava o sarcasmo para contornar situações desconfortáveis e que trabalhava com algo que nenhum dos 5 amigos sabia o que era (vide o famoso episódio em que a Monica e a Rachel perdem o ap da porta lilás para os meninos).

No livro Amigos, Amores e Aquela Coisa Terrível (no original em inglês, Friends, Love and That Terrible Thing, que diga-se de passagem é uma referência a como eram intitulados os episódios da série), Matthew abre seu coração e escreve uma autobiografia tocante para dizer o mínimo. É quase um raio-x da alma de Matthew e os fantasmas da busca pela fana e, depois, da fama em si.

Foi uma surpresa saber, por exemplo, que ele quase não foi o Chandler. Hoje é quase impossível imaginar que outra pessoa poderia ter sido Chandler, incluindo um amigo, que ficou por muito tempo sem falar com ele, claramente pela inveja que causou ver tamanho sucesso da série.

Estranhamente, Matthew tinha muitas das características que pensávamos ser do personagem, mas que eram do ator também.

Matthew nos convida a conhecer a origem: os pais, a infância no Canadá, a sua sensação de não fazer parte de nada, de ser insuficiente, até descobrir as artes cênicas. Da separação dos pais, dos casamentos de seus pais com outras pessoas, constituindo novas famílias, da relação com os meio irmãos, da decisão de se mudar para Los Angeles e da busca pelo estrelato com Hollywood.

Ele também conta de algo muito comum nesse meio: os vícios, começando pelo álcool e cigarro, depois a descoberta das medicações (sabe aquele remédio que o Dr. House usava compulsivamente na ficção? Matthew estava consumindo um monte na vida real) e depois outras drogas.

Uma coisa que me chamou muito a atenção é o fato de um cara bonitão, padrão de beleza desejado em Hollywood (homem branco, olhos claros, atleta universitário) não se sentisse uma pessoa atraente e desejável. Em vários momentos do livro você irá ler a frase "e se eu não for suficiente"?

Acho que vale muito a pena ler se você é fã da série, para conhecer o ser humano por trás das câmeras, algumas curiosidades por trás de alguns convidados do programa.

E se você não é muito fã, mas tem problemas com vícios, inseguranças e/ou depressão, verá que isso é, de fato, mais comum do que se pensa e que saber pedir ajuda e aceitar ajuda quando oferecido vai ser a melhor coisa que você pode fazer por você e por todos aqueles que você ama.

Um livro tocante, emocionante e comovente. Vale a pena ler.

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Que triste saber que mesmo depois de tanta luta, tantas reviravoltas e tantos amigos, numa fase que parecia tão positiva, de retomada do controle da vida, ele ainda acabou indo cedo demais.
Nunca faça pouco caso do problema dos outros. Se não quiser ajudar, tudo bem, só não atrapalhe com  comentários nada motivadores. E, sinceramente, não diga "é falta de força de vontade" ou "é só pra chamar a atenção", porque essas são palavras que podem levar ao ato final uma pessoa que esteja num momento muito frágil.

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