22 de agosto de 2022

Livro: O Dicionário das Palavras Perdidas de Pip Williams

Foi o título do livro que me fez dar uma olhadinha pro lado e conferir o que estava escrito na sinopse do livro e fiquei, para dizer o mínimo, curiosa.

Vou começar falando da autora. A Pip é nascida em Londres e vive na Austrália, o que explica as referências usadas na história, comparando o fim do século XIX e o começo do século XX em temas políticos e sociais entre os dois países, o que torna esse romance uma aula de História, além de tudo.

A história é incrível.

Para ser bem sincera, começa meio morna, mas eu recomendo que você siga a leitura. Eu comecei como leitura de cama, aquela para pegar no sono. O começo até funcionou, mas depois, eu queria tanto saber o que vinha depois, que no final eu acabei acordada até altas horas para concluir o livro.

Aliás, na versão em português (agora eu preciso ler em inglês) a tradutora colocar observações importantes, já que havia a necessidade de se respeitar a ordem alfabética da publicação do dicionário e traduzir com palavras que significassem a mesma coisa, com a mesma proximidade de letras não foi tarefa fácil, mas magistralmente realizada. Todo meu respeito à tradutora que teve todo esse cuidado para que a história não perdesse sua essência e coerência.

Lá, depois que a história termina também tem o histórico sobre a autora e o que a levou a escrever essa história. Vale a pena ler todas as páginas, inclusive das referências utilizadas pela autora, que fez uma pesquisa de verdade para saber a história da criação do dicionário de Oxford, dos fatos concomitantes da época e juntar a isso um romance emocionante.

Agora que eu comentei tudo isso, acho que vale falar do que se trata o conto. rs

Esse é um romance baseado na história real da criação do primeiro (sim, primeiro) dicionário de Oxford, aquela instituição famosa e super conceituada da Inglaterra.

Conta sobre os personagens reais que compuseram a equipe original da elaboração do dicionário e junto a isso a autora cria uma personagem, a pequena Esme, que vai crescendo naquele ambiente de palavras, num momento em que as mulheres eram educadas, normalmente, para serem donas de casa e mães.

Tirando a Esme, que a autora diz ao final se tratar de uma personagem ficcional, as demais mulheres citadas de fato existiram e fizeram parte da equipe do dicionário, formal ou informalmente. Claro que sem qualquer protagonismo e sem que seus nomes constassem do dicionário em si, mas estão nos documentos e imagens disponíveis em Oxford sobre a história do dicionário real.

A história começa em 1880, conta como são as pessoas, a divisão da sociedade, apresenta mulheres de diferentes classes sociais, diversos temas que envolvem o papel dos homens e das mulheres.

Fala sobre as lutas feministas, incluindo a liberdade sexual, sufrágio universal (que na época não nem se discutia o universal da maneira como pensamos hoje), o direito a educação formal e reconhecimento profissional, constituição de família, a opção pela não maternidade e não casamento, independência, além das questões sobre a primeira Guerra Mundial, que ceifou a vida de milhares de jovens, jovens demais.

Esse livro vale a leitura por muitas razões para muitos públicos e todas as faixas etárias.

Se você gosta de romance, drama, História e palavras, vai curtir a viagem que nos leva Pip.

Boa leitura!