20 de fevereiro de 2023

Crônicas de uma motociclista zero quilômetros: abordagem policial de motos na cidade de São Paulo

Eu quero contar como foi a última ocasião em que fui parada numa blitz de rotina da polícia militar nas ruas de São Paulo, para que você, colega de trânsito e de 2 rodas não cometa os mesmos erros que eu.

Calma, não aconteceu nada de errado ou de mal, foi só coisas que eu fiz e a policial deu a dica que não era pra fazer daquele jeito. Da próxima eu acerto! rs

Não foi a primeira vez que fui parada na rua por policiais para verificação de documento, mas quem anda de moto, principalmente na cidade de São Paulo, sabe que isso pode acontecer em qualquer dia da semana, em qualquer lugar, dos mais inesperados, mas sempre de forma pacífica e tranquila.

Mais ou menos.

A gente leva um sustinho dependendo do local e do quantidade de policiais que estiverem fazendo o "bate", como é apelidado os bloqueios policiais que fazem essa verificação, muito justificada e necessária, diga-se de passagem.

Foi a primeira vez que eu vi uma abordagem ser feita com um policial, no meio da rua, com uma metralhadora para intimidar quem pensasse em fugir da blitz. Isso eu achei bem exagerado, considerando que era uma bairro onde não se tem notícias de criminosos atacando em massa e é um bairro muito mais comercial do que residencial, além de ser um bairro chique. Eu estava na Rua da Consolação para entrar na Avenida Brasil, uma parte bonita, bem arborizada.

Eu verbalizei em voz audível "nossa, precisa mesmo de tudo isso?" Nem sei se o policial da metralhadora ouviu o que eu falei, mas o outro que estava em pé, próximo de onde encostei minha motinho deve ter ouvido e fez uma carinha amigável, bem provavelmente por conta disso.

Enfim, qual foi a minha surpresa? De 3 abordagens nesses 5 anos de habilitação, foi a primeira vez que eu fui vistoriada por uma por uma policial MULHER! Verdade, sempre só tem homens nas abordagens e eles costumam ser bem gentis quando a gente é mulher.

Aqui que eu quero contar o que aconteceu, para você saber que não é assim que deve se agir na abordagem.

Bem, como nas vezes anteriores eram policiais homens, descobri que essa é a razão pela qual das outras vezes, eu fui abrindo baú e jaqueta, pegando documento e estava tudo certo.

Qual a diferença aqui?

Como a policial era mulher, ela tem pode me tocar! Não violentamente ou abusivamente, mas fazer a vistoria corporal. Aquela que costumam fazer nos meninos para ver se tem arma, drogas, enfim. Como se vê na foto ao lado (fonte: Estadão).

Aliás, em homem faz-se assim mesmo: "abre as pernas, levanta as mãos..." e começam a apalpar e a perguntar se tem arma, com o que trabalha etc. Não é gritando como se vê nos filmes ou nas novelas. É em tom normal, como numa entrevista. Sem violência. Sério mesmo. Pelo menos eu nunca vi numa blitz policial gritando e como os meninos devem estar mais acostumados a serem parados, eles já sabem como se portar para não dar problema com um policial que possa estar num dia não muito bom.

Voltando à policial mulher, que falava num tom calmo e muito gentil o tempo todo. 

Eu já estava abrindo a jaqueta quando ela chegou do lado (eu não sei onde ela estava, mas alguém deve ter dito "olha, aquela moto é uma mulher, vai lá) e disse. "Senhora, calma! Eu vou falar como proceder, ok?" 

Então eu parei de fazer o que eu estava fazendo, virei para ela e então ela se apresentou, eu vi que ela usava a câmera de corpo, ela pediu que eu tirasse o capacete, me avisou que iria me apalpar. Eu acenei afirmativamente com a cabeça e ela me perguntou: "você tem alguma coisa no corpo?"
Eu: Sim, tenho uma pochete na cintura (e estava colocando a mão no zíper da jaqueta para abrir e puxar a tal pochete).
Policial: Calma! Eu falo como vamos proceder, ok! O que tem dentro?
Eu: Meus documentos e meu celular.
Policial: Licença, isso é procedimento, ok? (e começou a apertar onde eu apontei que estava as coisas). Ok, pode me mostrar os documentos?
Eu: Ok... claro, agora entendi qual o ponto (pensando, é óbvio, eu poderia estar armada e por isso não posso colocar a mão dentro do que ela não pode ver)

Então eu tirei os documentos, confirmei que a moto está no meu nome e que os pagamentos de IPVA e licenciamento já foram feitos, mas que eu comprovante deste ano estava somente no digital, mas ela avisou que não havia problemas porque eles têm como verificar no sistema as informações.

Entreguei meus documentos e fiquei aguardando ao lado da minha motinho, olhando o trânsito e as pessoas nos carros olhando a ação policial indiferentes, afinal, quem é da cidade está mais do que acostumado a ver essas cenas. Mas é tudo muito tranquilo. Não tem voz alta, todos são educados, mesmo que não houvessem câmeras de corpo. Pelo menos eu nunca presenciei nada desrespeitoso nessas blitz.

Um tempinho depois o policial devolveu meu documento, eu guardei tudo e sai do local.

E é isso que eu gostaria de deixar comentado aqui para quando você, mulher, for parada numa blitz e, principalmente, quando houver uma mulher policial no grupo de policiais da blitz.

ABORDAGEM POLICIAL: COMO AGIR

Quando você avistar uma abordagem, primeiro, diminua a velocidade e vá encostando para o lado onde você, provavelmente vai ver outras motos paradas.

O policial vai indicar o local se tiver muita gente parada ou veja onde tem espaço para você parar. Pare com a traseira para a calçada, desligue a moto, tire o capacete e aguarde um policial falar com você.

Aqui é importante não fazer movimentos suspeitos ou bruscos, muito menos pegar o celular. Isso pode causar reações indesejadas nos policiais, porque eles podem pensar que você está armado ou que está tentando avisar cobre a blitz*.

Aguarde as instruções e responda de forma educada e objetiva às perguntas do policial que estiver te vistoriando.

Apresente o documento da moto se não estiver em seu nome e sua CNH. Se a moto está em seu nome eles conseguem ver pelo sistema, porque a CNH tem o CPF que o identifica perante o Detran do seu estado e vai confirmar se está tudo regular ou se você vai ter algum problema nessa blitz.

Caso seja verificado que está tudo ok, eles irão te devolver os documentos e você já estará liberado para seguir seu caminho.

Não precisa se assustar nem ter medo das blitz (pelo menos em São Paulo eu posso afirmar isso). Basta ser educado, porque os policiais costumam ser.

* é sumariamente proibido avisar sobre as blitz. Se você for pego avisando outros sobre o local da blitz pode ser multado e até levado à delegacia para esclarecimentos para dizer o mínimo. Evite dores de cabeça, NÃO MEXA NO CELULAR NO LOCAL DA BLITZ a não ser que o policial peça para ver o documento da moto ou a CNH e você só tenha na versão digital e o policial autorize você a abrir somente o aplicativo do documento!!!

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