3 de abril de 2023

Filme: Tudo em todo o lado ao mesmo tempo (Everything everywhere all at once)

Esse foi o filme mais comentado desde o anúncio dos indicados aos prêmios da indústria cinematográfica do ano de 2022 para a edição de 2023.

Uma palavra define esse filme: LOUCO, muito louco, louco demais, totalmente louco!!!

Mas não se deixe enganar pela primeira impressão, porque ele tem muitas mensagens nas entrelinhas.

Quando o filme foi lançado, eu não consegui ir no cinema assistir, por causa da Covid. Depois do Oscar, o filme voltou para algumas salas de cinema (uma aposta das empresas de cinema, que eu não acho que deu muito certo, porque eu fui numa sessão de domingo, às 13h, e tinha 1 fileira para cada pessoa que comprou o ingresso) e eu decidi me aventurar na sala de cinema.

Vamos começar pelo fim: o filme foi premiado em quase todos os lugares onde havia sido indicado e quase sempre levou quase tudo.

Muita gente, como sempre, chiou, disse que o filme é uma m...., que os atores não mereciam, enfim, aquele papo de sempre. Você torce pra um filme e quando ele não ganha, você fala mal do que ganhou.

O elenco do filme levou, em quase todas as premiações, incluindo o Oscar, nas categorias de melhor atriz para Michelle Yeoh, de melhor atriz coadjuvante para Jamie Lee Curtis, e melhor ator coadjuvante para Ke Huy Quan. Também foi indicada para atriz coadjuvante, Stephanie Hsu, que não levou um Oscar, mas ganhou em alguma premiação. 

Se essa galera toda merecia ganhar o Oscar e as demais premiações por causa desse filme, também tenho minhas dúvidas, mas a premiação do Oscar, muitas vezes, é uma questão de justiça pela trajetória e política, porque nesse caso, a Michelle Yeoh não foi só pelo histórico, mas também por uma questão de justiça de minorias, ainda que muita gente não entenda isso.

Muita gente acha que minoria são só os negros, mas e os amarelos? Onde ficam nas artes? E sempre em papeis estereotipados. Isso não soa preconceito de raça? Asiático não é branco e também é excluído.

Jamie Lee Curtis não está em seu melhor papel. Aliás, ela tem importância na história, mas nem aparece tanto quanto a Hsu e ainda assim, acho que foi correto dar a ela esse prêmio nesse momento.

Quanto a ganhar o prêmio de melhor filme... pois é... assim como não entendo até hoje o porquê do filme Parasita ter ganho alguma coisa, esse prêmio deixa uma pulga atrás da orelha: afinal, o que foi avaliado para tal decisão?

Vamos à história em si.

Trata-se de um tema super em voga, pois fala de multiverso, mas de um ponto de vista diferenciado, que é partindo dessa mulher, a Evelyn (Michelle Yeoh), mulher de família chinesa, que fugiu com seu amor na juventude para ser livre das amarras da cultura oriental, para viver nos EUA, e que é a conexão na história.

O casal vive dilemas familiares de toda espécie, com a convivência de 3 gerações que não se entendem bem por falta de comunicação, uma situação comum em famílias de origem asiática, cada qual buscando aceitação da geração anterior, e o marido (Ke Huy Quan), que é considerado um intruso pelo sogro (James Hong), criando um ambiente de muitos conflitos.

Assistindo ao filme, fiquei imaginando se os ocidentais conseguem entender qual o dilema apresentado de fato, porque para o ocidental, ainda mais para o norte americano, esse vínculo com a família, as raízes, os pais, não é tão forte como é na cultura oriental, que ainda mantém o formato patriarcal e machista, de dar inveja para qualquer família europeia do século XV. E esse é um ponto de partida muito sensível e importante para o grande problema apresentado pelo filme.

Outro detalhe importante a se considerar, além da questão cultural, é o problema do idioma. A Evelyn, o Waymond e o Gong Gong são imigrantes, como tantos outros que existem por toda parte, e que enfrentam essas dificuldades de comunicação retratadas, o que gera ainda mais confusões e eventuais conflitos.

Como uma amiga comentou, talvez esse filme seja melhor compreendido por quem passa pelas dores "amarelas". Chineses, japoneses, coreanos, entre outros, e todos os seus descendentes.

Um filme muito louco, mas com reflexões sérias que, talvez, você não vá entender, porque não faz parte da sua realidade, mas que traz uma mensagem de esperança, relações familiares, amorosas, de amizade, e o mais importante: SEJA GENTIL, porque você não sabe o que o outro está passando, a despeito da aparência de família perfeita e sorrisos forjados.

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