30 de setembro de 2019

Livro: O Conto da Aia (The Handmaid's Tale), de Margaret Atwood

Eu não sou muito de correr para ler livros que aparecem na ilha de destaque das livrarias ou que do nada viram populares, mas essa é uma daquelas obras que minha amiga leitora profissional havia me indicado, e como sempre que ela indica uma obra, acerta em cheio no meu gosto, fui atrás.

Ok, teve ajuda de promoção de livros na internet, mas desde a última Bienal com feira de livros da USP em 2018, eu parei de comprar livros em qualquer outro lugar, com algumas exceções.

Enfim, O Conto da Aia está em voga desde que virou série de TV premiado, mas o que fez da história um recente fenômeno é o tema que envolve ditadura, falta de liberdade, definições de papéis, classes sociais desenhadas pelo governo, mortes aos que tentam contrariar o sistema, num momento em que o mundo teme essas questões e busca manter as liberdades conquistadas, contra outros grupos que bem que gostariam que o mundo do Conto de Aia fosse real.

Aia são as mulheres serviçais, que se vestem todas iguais, muito cobertas, afinal, mulher aqui é tipo carne, lembrando alguns países muçulmanos no trato com a mulher.

Tem mais, elas usam esse chapéu branco de abas longas que cobrem o rosto e só permitem que elas olhem para frente, como o cabresto do cavalo, para controlar o que elas podem ver e impedir que conversem com os outros sem que isso seja notado.

Elas nunca podem caminhar sozinhas e tem donos, com os quais, não necessariamente precisam praticar sexo, mas para os quais devem lealdade. Não chegam a ser escravas, mas é quase isso, já que não podem fazer nada porque querem. Elas não podem desejar nada, só seguir ordens de acordo com as funções para as quais foram adquiridas.

O dia a dia das Aias é controlado por seguranças que estão por todos os lados. Elas têm roteiros diários e itinerários pré-definidos. Passam sempre pelos mesmos lugares, fazem compras sempre nos mesmos lugares, compram sempre as mesmas coisas.

Mas todo regime excessivamente autoritário e restritivo está sujeito a oposições. É difícil, mas as pessoas sempre dão um jeito. É duro saber em quem confiar, com quem se pode falar, porque um passo em falso e qualquer um pode parar no muro dos assassinados.

Como sair dessa situação?

O Conto da Aia nos leva por essas dúvidas, por essa vontade de gritar, de fugir de um sistema horrível, assustador, temerário, e mostra como é viver sempre na dúvida, sempre com medo, ainda que seu único pecado seja pensar.

Leitura obrigatória nos dias atuais, nos lembra como é bom poder pensar, poder ler, poder estudar, poder fazer o que quer, quando quer.

Leia e sinta-se livre.

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