11 de março de 2019

Crônicas de uma motociclista zero quilometro - capítulo 1: a CNH

Nas próximas semanas, vou comentar sobre minhas aventuras como a mais nova motociclista da cidade e as aquisições realizadas para andar por aí.

Tudo começou em janeiro de 2017, quando eu fui fazer uma passeio ciclístico no Parque do Ibirapuera (de bicicleta mesmo).

Era uma manhã de sábado comum. Eu fui no mais famoso parque da cidade e depois de fazer o passeio de bike (se quiser saber mais sobre o Bike Tour SP, é só clicar para ver o post do dia 16/01/2017), já quase na saída, fui dar uma espiada na pista de moto "só dar uma olhadinha", onde você pode fazer suas aulas de moto escola e que também é a pista oficial para fazer a prova de habilitação.

Chegando lá, perguntei com quem poderia conversar e me indicaram o Cristiano, um cara super atencioso e todo sorridente. Perguntei como funcionava o esquema de aula, quantas aulas eram necessárias, quanto custava tudo e como era a prova. Quando me dei conta, já estava marcando aula.

Para quem não sabe como funciona, pode consultar o site do Detran de sua cidade. Aqui em São Paulo, você pode consultar o site do Detran SP para saber como proceder.

Basicamente, você precisa fazer o exame médico e o psicotécnico para emitir o RENACH que você precisa apresentar na moto escola, que vai emitir uma Licença para que você possa fazer as aulas. Observação importante, aproveite o momento de uma renovação de documento para fazer esse tal RENACH. Eu tinha feito minha renovação de CNH há 1 ano (eu já era habilitada na categoria B, carros) e tive que fazer o exame médico de novo, pagar de novo, fazer o psicotécnico, para então ter meu RENACH.

Licença concedida, comecei as aulas.

Primeira aula: "ah, se você anda de bike, é fácil"
Que mentira da porra!!! (eu falo uns palavrões. Se você se ofende fácil, sinto muito.)
Na bicicleta, você tem o "acelerador" nos pés e eventualmente pode usar os pés de freio. O manete direito freia atrás e o manete esquerdo aciona o freio da frente.
Na moto o freio de trás fica no pé direito, a embreagem está na mão esquerda e o freio da frente é na mão direita!!! Você precisa girar a manopla para você, para acelerar e tem que mudar de neutro para a primeira marcha no toque do pé esquerdo, se quiser sair do lugar. Detalhe, tudo isso numa moto que não dá pé para uma pessoa com 1,58m de altura, pernas curtas e pé tamanho 34!!!

Sentiu a dificuldade da primeira aula?

O engraçado dos primeiros instantes em cima de uma moto, quando você nunca andou numa, é ver como se dá a aula.

Quando você vai para a auto escola, seu instrutor está sentado no banco do passageiro e sua segurança é que ele tem os pedais de segurança, tanto da embreagem quanto do freio. Sem contar que o carro tem 4 rodas, ele não vai capotar se você deixar morrer ou se mexer o corpo para o lado errado.

Na moto, o instrutor não pode sentar na sua garupa. Pensa eu, que nem alcanço o pé direito no chão (só a ponta de 1 pé com o quadril deslocado para fora da moto), se ele senta na garupa, ou ele alcança o chão, ou iria todo mundo pro chão. Por alguma razão, eu nem conseguia equilibrar a moto. Mas instrutor tem uma paciência e é cheio das palavras de motivação. Ele vai segurando a moto pela alça de trás até achar que pode soltar, igual quando nossos pais nos ensinaram a pedalar. Primeiro alguém vai segurando, de repente, solta.

Enfim, sei que ao final da primeira aula, eu conseguia dar voltinhas sozinha, mas era uma falta de fé própria, que só vendo. Eu me arrependia de não ter feito isso aos 18 anos, quando era uma adolescente destemida!

Aos poucos descobri que mesmo não alcançando o pé direito, tinha jeitinho para soltar o pézinho da moto (o apoio era muito longe, mas descobrimos que na Yamaha, o pézinho tem um pino lateral que me permitia empurrar com a pontinha do meu pé), que eu conseguia pegar a moto, empurrar até um ponto ideal para fazer a entrada no percurso, ligar a moto, trocar a marcha e sair rodando.

Cai duas vezes durante as aulas. A primeira é porque tem uns instrutores sem noção que ficam com o pé na pista. Tentando não atropelar ninguém, eu fechei muito o guidão e capote! Ralei o cotovelo, mas nada demais.

Numa outra foi bobeada minha. Dia quente, pessoa cansada depois de 2 horas em cima da moto, perdi o equilíbrio e fui pro chão. A essas alturas eu já sabia como cair para não ralar nadinha. O problema de cair é não conseguir levantar a moto e o drama dos instrutores que ficavam aflitos da gente se machucar. Vinham uns 3 correndo.

Mas não se engane. Você não vai aprender a andar de moto. A gente nem aprende a mudar de marcha, já que você coloca em primeira, ainda parado e fica assim o tempo todo, só controlando embreagem e freio.

Depois de ter feito as aulas obrigatórias e mais 2 para garantir, fiz a prova numa manhã de sexta.

Coisas muito importantes: não esqueça o capacete, de baixar a viseira (viseira aberta na saída e está reprovado) e nunca esqueça de conferir se levantou o pézinho da moto (não preciso nem estar com o pé baixado para entrar na fila, quando você já estiver sobre a moto).

Aliás, se quiser saber como se descobre o tamanho do capacete e outros detalhes, veja o meu post de quando comprei o capacete para fazer as aulas.

No mesmo esquema das aulas, você faz o 8, entra no labirinto (para fazer curvas em quinas), sobe a ilha (um dos poucos pontos onde você vai dar uma acelerada, o resto você faz na inércia), passa por um pedaço que simula ondulações de pista, passa pela sequência de cones, dá uma parada, acelera e passa pela tábua (que antes era só uma linha desenhada no chão e agora é um pedaço de madeira, um pouco mais largo que a linha original) e breca antes da linha indicando pare. Quando autorizado, avança um pouco, para uma área de parada, onde aguarda o fiscal te entregar o resultado do seu teste e você tira a moto em definitivo da pista.

Se você foi aprovado, só precisa entregar o papel para o responsável da sua escola, pagar a taxa da emissão da CNH e aguardar o documento chegar.

Para mim, esse processo, do RENACH até a prova deu exatamente 1 ano!

Calma, não demora tudo isso. Eu estava terminando a pós e acabei faltando quase 1 semestre, por isso demorou. Se você já souber andar de moto, consegue fazer mais de 1 aula por semana e conseguir marcar logo sua prova, isso deve levar uns 3 meses.

E assim, em 16 de janeiro de 2018, peguei minha nova CNH AB.

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